Promotoria pede prisão perpétua de brasileiro que cometeu chacina na Espanha
Brasileiro que matou os próprios tios e os dois primos pequenos de 1 e 4 anos pode pegar prisão perpétua. Patrick Campos Gouveia chegou a debochar do crime e de "como abriu os corpos" em conversa de WhatsApp
O brasileiro François Patrick Campos Gouveia poderá pegar prisão perpétua por ter assassinado friamente seu tio, Marcos, sua tia, Janaína, e seus dois primos pequenos na cidade espanhola de Pioz.
A chacina aconteceu em setembro de 2016 e os primos de Patrick tinham apenas 1 e 4 anos de idade. Na última segunda-feira (5), a promotoria de Guadalajara pediu a prisão permanente revisável do jovem — uma condenação que pode ser revista a cada 25 anos.
Patrick está preso na Espanha desde outubro de 2016, quando se entregou às autoridades espanholas. Desde então, o réu confesso segue aguardando pelo julgamento.
Walfran Campos, irmão de Marcos Campos, morto na chacina, explicou que não acredita que o sobrinho tenha condições psicológicas de ser colocado em liberdade. Para ele, a família entende que o melhor a ser feito pela justiça espanhola é condenar Patrick Gouveia à prisão perpétua.
“Meu irmão, sua esposa, meus sobrinhos mortos não vão ter uma segunda chance, por isso não acho que Patrick mereça isso. Aliás, acredito que se ele sair depois de 25 anos, vai voltar a cometer crimes”, relatou Walfran.
A chacina
Janaína Américo, Marcos Campos Nogueira e os filhos do casal, de 1 e 4 anos, foram encontrados mortos e esquartejados em um chalé na cidade espanhola de Pioz em 18 de setembro de 2016, cerca de um mês após o crime.
Patrick Gouveia, sobrinho de Marcos, se entregou à polícia da Espanha e confessou o crime em 19 de outubro. Ele segue preso no complexo penitenciário de Estremera, na Espanha.
Patrick se entregou na Espanha após ser convencido por sua família de que era melhor ser condenado no país europeu do que no Brasil.
Marvin Henriques Correia
A participação de Marvin Henriques Correia, amigo de Patrick, foi comprovada em conversas de WhatsApp entre os dois, conforme levantamento feito pela Polícia Civil da Paraíba com base em provas colhidas pela Polícia Federal.
O jovem acusado de dar dicas a Patrick do que fazer durante a chacina, foi preso em João Pessoa, se tornou réu como partícipe do homicídio, mas está em liberdade desde que sua prisão preventiva foi revogada pela juíza Francilucy Rejane de Souza.
Em uma conversa de WhatsApp após o crime, Patrick conta ao amigo, em tom de deboche, detalhes da carnificina. “Para abrir alguém no meio dá trabalho demais, mermão [sic]. Coluna vertebral. Eu dei pazada, facada. Usei aquelas tesouras gigantes de cortar galho e mesmo assim não foi”, escreveu Patrick.
“Eu imagino. Deve ser duro. Queria imaginar a cena… você chegando para matar… kkkkkkkk”, respondeu Melvin.
O julgamento
Na imprensa local, Patrick foi apelidado de “o esquartejador de Pioz”. Seu julgamento começou nesta quarta-feira 24 em Guadalajara, na Espanha.
A audiência deve durar uma semana, com depoimentos do assassino confesso, de dezenas de testemunhas, além de investigadores e legistas.
Na primeira parte da sessão nesta quarta, já foram definidos os nove membros do júri na Audiência Provincial de Guadalajara, que fica 60 quilômetros ao leste de Madri.
Um exame psicológico descreveu Patrick com um perfil de personalidade psicopática, manipulador, egocêntrico e sem empatia.
Patrick matou as quatro vítimas da mesma forma: cravou uma faca no pescoço deles, rompendo com precisão a artéria aorta e a jugular, o que provoca a perda rápida de sangue.
Crime premeditado
Em uma entrevista à TV espanhola Antena3 em novembro de 2016, Patrick contou que o crime foi premeditado.
“Três dias antes, senti necessidade de matar. Isso acontece com frequência, desde os 12 anos. Quando acontece, eu bebo muito”, disse.
Ainda de acordo com a emissora, no dia do assassinato, Patrick acordou tarde. “Tinha que estar descansado”. No depoimento, ele contou que, a caminho da casa da família que assassinaria mais tarde, viu uma pizzaria em promoção e levou pizzas para o local.
“Matei os quatro porque me parecia cruel matar só o Marcos. Não ia deixar uma família sem marido e sem pai. Eles não sofreram, não resistiram, não gritaram. Foi muito rápido”, disse ainda.