'Adeus' de João Doria provoca revolta e debandada de seguidores
João Doria anuncia oficialmente que vai abandonar a prefeitura de São Paulo para disputar o governo do estado pelo PSDB. Decisão provocou revolta e trouxe à tona uma promessa que o prefeito fez em 2016
João Doria usou o Facebook para anunciar oficialmente que pretende disputar as prévias do PSDB para concorrer ao governo do Estado de São Paulo.
A decisão do prefeito da maior cidade do Brasil provocou uma série de críticas e muitos internautas lembraram de uma promessa feita por ele na campanha de 2016, quando garantiu aos eleitores que concluiria seu mandato.
No Facebook, das quase 30 mil interações que a postagem acumula até o fechamento deste texto, 7 mil são de ‘raiva’ e menos de 2 mil são de ‘amei’. No Twitter, a quase totalidade dos mil comentários sobre a postagem é negativa. A página do prefeito registrou milhares de ‘descurtidas.’
Eleito em primeiro turno com mais de três milhões de votos, João Doria exibe, como justificativa para a saída da prefeitura, um documento com assinaturas de filiados que estariam exigindo seu nome na disputa pelo governo estadual.
A promessa
No dia 16 de setembro de 2016, durante a campanha para prefeito, João Doria assinou um compromisso com o site Catraca Livre de cumprir os quatro anos de mandato caso fosse eleito.
O discurso público seguiu a mesma linha na medida em que aumentavam as especulações a respeito de uma eventual candidatura dele à Presidência da República.
“Fui eleito para ser prefeito de São Paulo e tenho que ser aquilo pelo qual fui designado. Essa é minha responsabilidade”, disse em março de 2017 à rádio Jovem Pan. “Meu candidato à Presidência da República é Geraldo Alckmin“, acrescentou, enquanto viajava o Brasil tentando passar Alckmin para trás.
João Doria manteve o quanto pôde o discurso de que pretendia seguir no comando da maior cidade do país até 2020. Agora, o tucano adapta seu discurso para prevalecer a narrativa de um “chamado” superior às suas vontades.
Com pouco mais de um ano na prefeitura, a sensação dos eleitores paulistanos é a de que João Doria usou o mandato apenas como trampolim político. No fim das contas, não restará nenhuma ação significativa da atual gestão e o prefeito será lembrado por fanfarronices como varrer calçadas ao lado de garis e mandar pintar de cinza muros grafitados.
Prévias do PSDB
As prévias do partido ocorrem dia 18 de março. Caso vença, Doria terá que deixar a prefeitura no próximo dia 7 de abril.
Como postulante, o tucano tenta repetir o feito do hoje senador José Serra, que, em 2006, também deixou a prefeitura depois de um ano e três meses de mandato na Prefeitura de São Paulo para candidatar-se ao governo.
Naquele ano, Serra, que também havia descumprido uma promessa feita em um debate ao vivo, venceu a disputa estadual em primeiro turno, com 57,9% dos votos.